Croquis de uma mente [in]sana

04 abril 2011

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Parece que deslizamos pelo tempo e não nos deparamos com tudo que já passou. Parece que tudo foi ontem. Mas não foi.
Muitos encontros, desencontros, partidas e chegadas. Idas e vindas que se diluiram, deixando sua essência estampada em algum lugar dentro de nós.
A memória contextual ativada por um simples acorde, confesso que me assusto com tantas lembranças que de repente aparecem. E tudo mudou tanto e um tanto já se foi, estranha sensação.
É como se tudo ficasse dentro de uma caixa de vidro e não pudéssemos tocar naquilo que nos pertence ou pertenceu, olhar a distância e sob um outro ângulo. Somos o que realmente construímos na potência dos nossos desejos e não na fraqueza que nos escondemos.

18 abril 2010

:: Lira Safada ::

Quando eu nasci,

talvez não tenha sido anunciado,

mas sussurrado por um querubim,

que nem era tão chato assim,

pois dedilhava sua lira de um jeito safado.

Da sua melodia precisa e desarmônica

fez da sutileza um jeito de instigar

demonstrando a mim ao que estava predestinado.

Trago no meu jeito a forma silênciosa

de desenhar com os olhos a compreensão do meu ao redor

e da pouca fala o indício daquilo que há muito a ser falado.

Aparentemente não tem ninguém em casa,

pois as portas e janelas estão fechadas,

mas por detrás delas escondem um moleque prestes a aprontar uma arte.

Bastou bater palmas que o susto e a gargalhada escancaram.

Sossega moleque e volta para detrás

deste homem de barba, sério, simples e forte

que quase não conversa.

Vai carregar a bandeira, canta o seu hino

com sua melodia precisa e desarmônica

fezendo dessa sutileza de constrastes

um jeito de instigar a multidão

e quem sabe transformando-a em um batalhão

Com este hino preciso e desarmônico

para alguns soa de bom grado,

para tantos outros um desagrado e tanto,

mas a culpa é dele que dedilhou a sua lira de um jeito safado

e olha que nem era tão chato assim.

04 fevereiro 2010

:: saudade de sentir saudades ::

que saudades de poder sentir a saudade,
talvez tenha me tornado frio,
ou preferindo ignorar.
Autodefesa? quem sabe.
Se as vezes a saudade dói,
pior é descobrir que a a falta dela acaba doendo mais ainda.
Será que perdi as saudades que se encontravam dentro de mim?
Sempre acreditei que é bom sentí-las, mas sentir a saudade das saudades não,
porque aparenta um vazio, por onde andam?
Sei que da memória não fugiram, mas do peito quem sabe se resguardam.
Comecei aos poucos, neste exato momento em que escrevo, buscar algumas músicas de tempos atrás e realmente fico um pouco melhor, pois vejo que estavam escondidas.
Que venham as saudades, que por alguns instantes alfinetem o meu peito, relembrando-me de certa forma que sou Humano.
Ajuda-me a resgatar as lembranças.
O tempo passa, o espaço se transforma e na saudade ficam as lembranças, um parênteses de um tempo dentro de outro.
E que bom poder fazer isso ouvindo as músicas, pois sua batida, sua marcação, seu tom, suas frases e melodias, reconstrem exatamente cada momento, do forma exata como ficou marcado lá no fundo do peito, não como era fisicamente, mas como meus sentimentos o viram e registraram.
Quem bom poder ver que consegui matar a saudade de sentir saudades.

20 setembro 2009


vontade louca de gritar e ensurdecer o mundo para que todos não ouçam seu choro e lamentos forte, e porque tenho que engoli-los a seco e sem ao menos um gole d´agua?
É hora de sair do [CHEGA] fechado, para o chega ecoado e aberto: ))CHeGA(( e que a sua vibração provoque ondas perturbadoras e talvez até mesmo estarrecedoras
É possível viver um só presente? Como meu Deus, se memórias, desejos, sonhos nos transportam para diferentes tempos? Além de do deslocar físico? Estou aqui em minha sala com a cabeça pensando em 3 anos atrás e logo no que será daqui 2 anos, pego o carro e saio em uma volta, deslocando-me fisicamente e mentalmente em sobreposições confusas e incertas com as certas.
De ti, tempo, só lhe peço uma coisa, não me obrigue a lhe dar certezas, pois essas me podam as possibilidades de sonhar e contar com os imprevistos que a vida nos dá.
Imprevistos como o doce sorriso da ingenuidade, assim como a despretensiosa vontade de se erguer e ficar de pé, o abraço carinhoso daquele que não te cobra nada e do nada, dos braços lançados ao ar querendo seu aconchego, considerando esse ato o tudo naquele momento.
Ao escrever isso, penso e chego a uma certeza, de o quanto a humanidade perde quando envelhece, a exemplo dos sentimentos puros e verdadeiros de uma criança, sua simplicidade, sinceridade e tantos outros clichês, que são clichês e mesmo assim continuam indiferentes e desapercebidos no nosso dia a dia.
McLuhan diz que a tecnologia é uma extensão dos sentidos do homem, o microscópio uma ampliação do olhar, o carro o de se deslocar, e pergunto: e a vontade de criar máquinas com sentimentos? Será que surge essa necessidade porque não a encontramos mais, tão acessível assim? E será que se tornará mais um produto "vendível"? Um i-feeling em vez de i-phone ou i-pod?
Pois é, por isso esse blog tem esse nome, croquis de uma mente [in]sana, porque talvez seria insano pensar isso, mas será que é tão distante? Por isso é bom não ter certezas, pois espero meu Deus, que nessas minhas colocações eu esteja completamente errado, e que externar o CHEGA seja essencial, pois é o alarme que tenho dentro de mim, dos meus sentimentos, e que ainda existem.
Assim como fala Clarice Lispector:
" O hábito tem-lhe amortecido as quedas. Mas sentindo menos dor, perdeu a vantagem da dor como aviso e sintoma. Hoje em dia vive incomparavelmente mais sereno, porém em grande perigo de vida: pode estar a um passo de estar morrendo, a um passo de já ter morrido, e sem o benefício de seu próprio aviso prévio."


21 maio 2009

:: Fomos feitos... :::



Pela primeira vez li algo que quebra o paradigma " Fomos feitos um para o outro", isso aconteceu logo nas primeiras páginas de um romance e que dizia "Fomos feitos para nos entendermos".
Essa palavra "entendermos" foi inserida de uma forma a provocar algo tão forte, pois arrancou-me o ar, deixou-me etéreo por alguns minutos percebendo que o caminho mudou, e que ao piscar os olhos a imagem se transformou, cheguei a pensar na possibildiade de que você já se foi.
Caso tenha ido, me perdoa, pois não tive tempo de perceber, não tive tempo de aprender e compreender muitas coisas, mas sinto que já deixou saudades, sinto que mesmo sem saber se algum dia veio, levou parte de mim, pois suspiro sem saber, pois sinto sem ter sentido algo tão grande que algum dia quis lhe dar.
Sinto sua falta, mesmo sem saber se passou por aqui, infelizmente sinto. Sinto pelo sentir e sinto por não ter reconhecido.
Fomos feitos para nos entendermos, pois é na diferença que encontrei o outro ser, e não o meu reflexo, e portanto, não sendo o que sou. É com a sua diferença que seu rítmo me enriquece adicionando sonoridade, é na sua discordância que traz para fora as minhas angústias, as minhas dúvidas e me faz pensar, sentir, gritar e querer revolucionar, apenas me faz sentir, me faz viver...me faz ver.
É bom mesmo que não me complete, pois se nem eu consigo me completar, ordinariamente não jogaria essa responsabildiade a você. É bom mesmo que não seja gêmea, pois desta forma sempre imaginaria as surpresas mais lindas que faria para ti e também saberia da minha raiva e não me provocaria afim de lhe dizer.
Portanto, agora sei o porqueê de que "Fomos feitos para nos entendermos"...

30 dezembro 2008

Em cada nota tocada e palavra solta com uma voz tremula, é como cada lembrança que vem diante dos olhos e se sobrepõe a realidade de hoje, o agora. Tudo sempre esteve no mesmo lugar, mas tanta coisa aconteceu, mas como pode tanta coisa e tudo continuar no mesmo lugar?

As mudanças, os acréscimos, as perdas estão em um lugar não visível mas perceptivo apenas por nós mesmos: cabeça e coração. As coisas ou situações ganharam um outro significado, passamos por traumas, alegrias, tristezas que agregaram no nosso ser e nos transformaram em uma outra "coisa", não somos e nem seremos mais o que éramos.

Encontramos na vida dobra e desdobras, onde cada ação gera uma reação, consequencias desencadeadoras de outras reações e que vão reverberando...ando...ando...e continuo andando. As vezes dá vontade de parar um pouco: não respirar, não pensar, não lembrar, não piscar os olhos, mas é impossível pois fica vazio.

Ou ao menos ficava, pois agora ao te olhar, ao ver seu sorriso, seu jeito consigo parar tudo e esvaziar, mas não de forma melancólica e negativa, pois assim como na música, a pausa, o silêncio é um dos sons necessários, as vezes é tão cheio e forte quanto qualquer nota tocada, pois cria a ansiedade, a expectativa ou o suspiro para poder sentir profundamente.

Sendo assim, sinto falta da pausa, do suspiro, do sentir e permitir esvaziar que consigo ter com você. Agora sozinho páro, mas sinto vazio, contigo, é o vazio mais cheio e pausa mais sonora que se pode ter.

19 outubro 2008

:: Contra o Vento ::

Tempos que não posto, talvez fosse por não estar com "espírito" e estivesse em standby observando, aos poucos tento aprender que não adianta "varrer contra o vento"!

Pois é, duarante alguns dias em que varria calçada era impressionante pegar a vassoura e o vento começar assoprar e sempre do lado oposto ao sentido em que varria, mas diante da minha teimosia e vontade de me impor, queria fazer valer a minha vontade. Resultado, dias de raiva, estresse e folhas esparramadas. Alguns ao ler este post podem achar ridículo isso, afinal até eu pensei isso antes de escrever, e também continuaria pensando até que um dia pude perceber que não adiantava continuar daquele jeito "varrendo contra o vento".

Pode parecer óbvio, mas nesse dia resolvi mudar de estratégia e varrer a favor do vento, pois não deveria ser ao acaso aquilo, não preciso dizer, mas óbvio que direi (rs) que encontrava-me em uma nova situação, o vento que era o problema, virou agente contribuinte na ação, passou a ser o facilitador dessa e consequentemente aliviando e resolvendo toda uma situação irritante.

Mas o mais interessante não foi apenas a realização desta atividade, mas poder associar isso a nossa realidade e perceber o quanto automatizamos o pensar e o fazer, talvez o discurso não fosse o mesmo das nossas ações.

Desta forma passamos a crer nos famosos ditados populares: Murro em ponta de faca, Nadar contra a correnteza.... e por aí vai....as vezes a forma como encaramos determinados acontecimentos ou situações podem sempre nos parecer um problema, e volto a dizer: que assim como na física, tudo depende de um referencial. Talvez, assumindo outros referenciais, encarando a situação de outra forma e criando outra possibilidade para aquela situação (entendendo-a, avaliando e assim aproveitando ao seu favor) podemos revertê-la, pois em vez de nos bloquear, abrirá possibilidades para um crescimento, quem sabe novas conquistas.