Croquis de uma mente [in]sana

27 agosto 2007

:: O Cientista . Coldplay ::

Vim pra lhe encontrar,
Dizer que sinto muito,
Você não sabe o quão amável você é

Tenho que lhe achar,
Dizer que preciso de você,
Dizer que a abandonei

Conte-me seus segredos
Faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar pro começo

Correndo em círculos,
Surgindo as caudas,
Cabeças num separado silêncio

Ninguém disse que era fácil,
É tão vergonhoso pra nós nos separarmos
Ninguém disse que era fácil,

Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
Oh, me leve de volta pro começo...
Eu só estava pensando
Em números e figuras,
Rejeitando seus quebra-cabeças

Questões da ciência,
Ciência e progresso
Não falam tão alto quanto meu coração

Diga-me que me ama,
Volte e me assombre
Oh, quando eu corro pro começo

Correndo em círculos,
Perseguindo nossas caudas
Voltando a ser como éramos

Ninguém disse que era fácil,
É tão vergonhoso pra nós nos separarmos
Ninguém disse que era fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
eu estou indo de volta para o começo...

19 agosto 2007

:: estar em gravidade 0 ::



Abrir os olhos e apenas encontrar a escuridão pode ao primeiro instante dar uma sensação de medo e pânico, pois ver a imensidão indefinida e provável não delimitada por quinas ou arestas, nos desestabiliza entre o ser e provável.
A capacidade de mutação ou transformação, quem sabe, de maneira mais radical aconteceriam ambos, é praticamente permitir-se morrer para nascer novamente. Lançar-se na morte daquilo que acreditava como verdadeiro e único, já estabelecido como a única verdade para nós mesmos, e que, portanto, nos colocava em uma condição estável, certa e segura. Tudo isso sendo trocado pelo possível, incerto, ou quem sabe o instável, assim como uma bandeira que tremula no vento em gestos inesperados.
Esta incerteza traz consigo aquela sensação de engasgado pela própria vida, pois na gravidade zero precisamos reaprender a nos deslocar e a movimentar, pois a lógica ainda não está clara, uma vez que as palavras como cotidiano, rotina, entre outras que passam a ideia de repetição, programação de atos, falas e ações repetidas não existem mais para podermos ao menos construir as hipóteses prováveis de como será o "daqui a pouco", ou até mesmo, este exato momento.
Réquiem de Mozart para mim, não representa uma música fúnebre que praticamente venera a morte, mas sim, o presságio do início de algo novo e carregado de vida, embora possa ter uma sonoridade triste, dramática e melancólica. Claro que teria que ser assim, pois é o final de um ato que precisa ter uma grandiosidade para ter valido a pena tudo que se passou, mas a maior beleza que vejo nessa música é a sensação de melancolia e morte que traz um sentimento posterior: o de vida, a imensidão e o provável.
O engasgo pela vida que se aproxima rapidamente, e que muitas vezes nos sufoca, é necessário para nos tirar do eixo em que nos colocamos. Assim, podemos traçar novas trajetórias a serem percorridas e lugares a serem conhecidos, fazendo da instabilidade o elemento motivador para estar vivo e não morto em suas crenças já estabelecidas como únicas e verdadeiras.
"De um modo geral, considera-se tradicionalmente que uma entidade é um ser vivo se exibir todos os seguintes fenômenos pelo menos uma vez durante a sua existência:

Crescimento.
Metabolismo
, consumo, transformação e armazenamento de energia e massa; crescimento por absorção e reorganização de massa; excreção de desperdício.
Movimento, quer movimento próprio ou movimento interno.
Reprodução, a capacidade de gerar entidades semelhantes a si própria.
Resposta a estímulos, a capacidade de avaliar as propriedades do ambiente que a rodeia e de agir em resposta a determinadas condições."


Embora tenha sido tirado da internet e não de uma fonte tão segura, mas este conceito de o que é necessário para ser um SER VIVO é aplicável, pois precisamos crescer e metabolizar tudo que nos rodeia e tudo o que passamos, mas não submeter-se passivamente, mas sim, movimentar-se, agindo de forma a transformar o seu "eu", respondendo aos estímulos que a vida nos traz e que transmitimos, ou melhor, que devemos reproduzir, transmitir adiante.
Engasgado pela vida que chega e que inunda o meu "eu", tento-me equilibrar na gravidade zero explorando ao máximo essa beleza de poder fluir e ver a vida sob diversos ângulos.

14 agosto 2007

:: Esboços inacabados ::



Estranha sensação de estar suspenso no ar, talvez seja pelo excesso de acontecimentos, informações, situações - situações - ações.
Ações que por mais positivistas que sejamos, aonde chegaremos? Fechar os olhos e deixar uma imagem turva dominar, poderia aliviar ao menos as informações que nos chegam nos olhos e assim digerir o que se sente e [re]construir o que ficou aqui dentro.
Talvez isso pode piorar um pouco mais a situação, pois a saudade e as lembranças transbordam, mas podem se converterem em referências e elementos motivadores para nos impulsionar para frente.
Entramos em uma zona perigosa, limítrofe da depressão e motivação, praticamente uma brincadeira de roleta russa com os próprios sentimentos. Mas a condição cômoda de aceitarmos as coisas como nos chegam e de maneira passiva nos impede de crescer e aceitar sem esbravejar, questionar ou meramente refletir sobre, nos transforma em um ser tão besta sem controle do próprio destino. Pois desta forma a estabilidade nos coloca numa situação de domínio e controle próprio, já que o inesperado nos provoca uma sensação extrema, desequilíbrio, dúvida, incertezas e para que né?
Cada vez mais aprendo e faço isso percebendo que viver é coletar ao longo do caminho pedras e pistas a serem decodificadas somente por nos mesmos. Temos como incógnita ou mistério a ser desvendado o nosso próprio futuro, mas as pistas presentes no presente são capazes de nos possibilitar a construção prévia de ao menos uma hipótese para tal.
Quem sabe somos no presente a revelação do mistério que nos aguarda no futuro? Nossa, mas pensar nisso para que? Se eu mesmo digo que temos o dom de complicarmos as coisas, então para que ficar pensando nas coisas? É que pensar não quer dizer complicar, mas sim facilitar e simplificar futuros transtornos, dificuldades...enfim.
É fácil exemplificar isso, se tenho uma porção de comida e estou perdido no deserto, vou comê-la tudo de uma única só vez? Se agir pelo impulso da fome claro....num sei se amanhã vou estar vivo ainda....mas se pensar um pouco, de grão em grão....nem preciso dzier quem enche o bico e vai sobrevivendo....Portanto, de tempo em tempo, páro, penso e reflito fechando os olhos e reestruturando o meu ser....
"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus." Clarice Lispector