Croquis de uma mente [in]sana

18 abril 2010

:: Lira Safada ::

Quando eu nasci,

talvez não tenha sido anunciado,

mas sussurrado por um querubim,

que nem era tão chato assim,

pois dedilhava sua lira de um jeito safado.

Da sua melodia precisa e desarmônica

fez da sutileza um jeito de instigar

demonstrando a mim ao que estava predestinado.

Trago no meu jeito a forma silênciosa

de desenhar com os olhos a compreensão do meu ao redor

e da pouca fala o indício daquilo que há muito a ser falado.

Aparentemente não tem ninguém em casa,

pois as portas e janelas estão fechadas,

mas por detrás delas escondem um moleque prestes a aprontar uma arte.

Bastou bater palmas que o susto e a gargalhada escancaram.

Sossega moleque e volta para detrás

deste homem de barba, sério, simples e forte

que quase não conversa.

Vai carregar a bandeira, canta o seu hino

com sua melodia precisa e desarmônica

fezendo dessa sutileza de constrastes

um jeito de instigar a multidão

e quem sabe transformando-a em um batalhão

Com este hino preciso e desarmônico

para alguns soa de bom grado,

para tantos outros um desagrado e tanto,

mas a culpa é dele que dedilhou a sua lira de um jeito safado

e olha que nem era tão chato assim.