:: Lira Safada ::
Quando eu nasci,
talvez não tenha sido anunciado,
mas sussurrado por um querubim,
que nem era tão chato assim,
pois dedilhava sua lira de um jeito safado.
Da sua melodia precisa e desarmônica
fez da sutileza um jeito de instigar
demonstrando a mim ao que estava predestinado.
Trago no meu jeito a forma silênciosa
de desenhar com os olhos a compreensão do meu ao redor
e da pouca fala o indício daquilo que há muito a ser falado.
Aparentemente não tem ninguém em casa,
pois as portas e janelas estão fechadas,
mas por detrás delas escondem um moleque prestes a aprontar uma arte.
Bastou bater palmas que o susto e a gargalhada escancaram.
Sossega moleque e volta para detrás
deste homem de barba, sério, simples e forte
que quase não conversa.
Vai carregar a bandeira, canta o seu hino
com sua melodia precisa e desarmônica
fezendo dessa sutileza de constrastes
um jeito de instigar a multidão
e quem sabe transformando-a em um batalhão
Com este hino preciso e desarmônico
para alguns soa de bom grado,
para tantos outros um desagrado e tanto,
mas a culpa é dele que dedilhou a sua lira de um jeito safado
e olha que nem era tão chato assim.